Você está de pé e com muita fome.
O fim da linha está logo à sua frente - de forma literal, digo.
Bem em cima da última estação de trem da linha Vitória/Minas um arco-íris começa a se formar.
Você está ouvindo Marilyn Manson. Não é a trilha perfeita para observar um arco-íris.
Você vira pouco mais de 90º para a direita e nota uma densa nuvem de fumaça negra. Ou o Vaticano resolveu escolher o novo papa perto do Terminal de Jardim América - e não chegaram a conclusão alguma - ou há algum derivado do petróleo pegando fogo. Ou os dois. Ou nenhum. Mas agora a música "Disposable Teens" se encaixa melhor no contexto.
"And I'm black rainbow
and I'm an ape of god".
Você sobe no ônibus e depois de um tempo olha para a janela. Tanto a fumaça quanto o arco-íris estão em seu campo de visão. Aquilo te interessa.
Você para pra refletir num possível significado daquela imagem e olha para um ponto qualquer sem prestar atenção ao que sua retina capta. Decide olhar de novo para a fumaça e o arco-íris e vê um avião passar entre os dois. Muito interessante.
O ônibus faz uma curva e o arco-íris sobrepõe a fumaça. Tá cada vez melhor.
O ônibus curva novamente e ambos saem do seu campo de vista. Ahhh.
A viagem prossegue e, cerca de 10 minutos depois, o arco-íris entra novamente no seu campo de visão. A fumaça não. Dessa vez o arco-íris é duplo.
"Can't Stop" começa a tocar e, agora sim, sua contemplação do arco-íris lhe traz energias revigorantes.
"Go write your message on the pavement
Burnin' so bright I wonder what the wave meant".
Você chegou em casa, e ainda está com fome.
"Cacildis, como eu gosto de ver um arco-íris"!
O bom é que você consegue trazer o seu problema mental pro texto sem ficar piegas.
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