sábado, 6 de janeiro de 2018

Trabalho Textual Ensaístico 1. Tema: Especismo

Há registros quase esquecidos de um ancestral comum a todas as espécies chamado ser humano. Todos habitavam um esferoide de nome Terra e as distinções entre os indivíduos da raça humana eram mínimas. Formados pela mesma quantidade de cromossomos, dividiam-se em nações e era a economia o pricipal meio de definição de status, direitos, possibilidades e deveres de cada um.
O advento do assim chamado “espírito científico” resultou em um crescimento vertiginoso da população daquela raça. Muita gente reunida em um pequeno lugar (estima-se que o planeta possuía cerca de 13 mil quilômetros de diâmetro) e munida de tecnologias então incipientes, como a internet e as aeronaves, resultou no início da exploração espacial.
A história se desenrolou de modo rápido. Grosso modo, notaram que as diferenças culturais e agendas políticas transcendiam fronteiras. Conflitos internos foram extintos junto com a já obsoleta ideia de nação e a adoção do conceito menos arcaico de esferas foi ponto pacífico. Cada indivíduo crescia em uma determinada esfera previamente escolhida pelos progenitores e ao chegar a vida adulta optava se queria mudar-se dali para um lugar onde as relações sociais se davam de um jeito que lhe agradasse mais do que aquela onde nascera aleatoriamente ou tornar-se um membro ativo de sua esfera.
Temos ainda hoje registros de um incrível amálgama de sociedades de práticas distintas, belas e bárbaras, todas praticadas naquele mesmo lar ancestral. A proliferação e o consequente acirramento entre esferas de ideais destoantes somados ao avanço irrefreável das tecnologias levou a um acordo comum que determinava a dispersão dos habitantes da Terra para um sem-número de sistemas estelares distintos. Cada esfera com seu esferóide, foi o lema à época.
Pouca coisa restou desse passado tão remoto, apesar das façanhas tecnológicas que sobrevivem ainda atualmente, mas há de se destacar a crença já difundida séculos antes de que o ponto de divergência era iminente e o pacto da boa vizinhança não mais se sustentaria. O  uso do prefixo “pós” em conceitos importantes àquela época, como em pós-verdade e pós-modernismo, para ficar com poucos exemplos, evidencia tal noção.

Hoje, algumas espécies tentam emplacar planos imperiais que chocam-se com o estabelecido Pacto Universal das Bolhas. A centelha entre espadas toma forma e o respeito entre as espécies quase não possui adeptos. Muitas das novas civilizações optaram pela negação das nossas semelhanças e passaram a alardear as diferenças. A tolerância foi esquecida com a história. Vivemos em tempos de ebulição. E é na fervura que as bolhas se chocam.