sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Uma Canção



Nós dois rima com depois e depois não rima com mais ninguém.

Se eu fosse um cara muito doido, eu rimava depois com espírito do além.

Mas como quero rimar com nós dois, só temo depois que você não vem.

Eu sinto que a vid’é muito fácil, só depende do passo que você mantém.

O passo é aquilo que vem primeiro, mas primeiro pare um pouco e pense bem.

Pensando bem, o além não existe, é só meu estado de espírito que insiste em não querer ir além.

A finitude é uma virtude, a menos que tu seja infinito.

O medo é o segredo da vida, se tu corre e não se prende ao grito.

Na vida há menos razão do que a pedra que sempre cai no chão.

Se um dia a pedra subisse, eu entenderia a razão dessa canção.

Mas, pelo sim, pelo não, sigo cantando pr’acompanhar meu violão.

Engraçado, porque o meu violão só interpreta as vontades do coração.

O coração só interpreta o qu’eu sinto.

Como 2 com mais 2 é igual a cinco.

E já que voltei pra nós dois, me diz.

Que horas você vem?

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A Aposta de Pascal



Eis que um dia Blaise Pascal, aquele matemático, teve um pensamento:

  • Se você acredita em Deus e nas Escrituras e estiver certo, será beneficiado com a ida ao paraíso.
  • Se você acredita em Deus e nas Escrituras e estiver errado, não terá perdido nada.
  • Se você não acredita em Deus e nas Escrituras e estiver certo, não terá perdido nada.
  • Se você não acredita em Deus e nas Escrituras e estiver errado, você irá para o fogo eterno.
(Tirei da Wikipedia)


A noção de "não perder nada" me soa estranha...

Mas o que mais me chama a atenção é que a Aposta de Pascal só se baseia no medo do pós-morte. Prova da influência grotesca das religiões no pensamento dele.
Dentro dos padrões adotados por Pascal - a existência ou não de Deus e a crença ou não nele - fica claro ser vantajoso acreditar, digo, apostar, na fé.
Porém, a aposta é igualmente eficaz se modificarmos a variável "Deus" por qualquer outra coisa que tenha poderes de nos julgar após a morte - desde um panteão de deuses de qualquer cultura politeísta até o "Cordão de Prata" - que eu mesmo criei.
Como a chance de ganhar a bolada - tocar harpa e cantar ou beber cerveja, guerrear e fornicar - é a mesma, qual devemos escolher?
A religião da maioria? Ou a que, por um acidente histórico-geográfico, algum familiar nosso segue?
Prefiro apostar minhas fichas por aqui mesmo; na lealdade, no amor; quem sabe até na Justiça?