sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Lembranças Efêmeras de Uma Mente Sem Brilho – I

(Gosto de piadas/trocadilhos/ambiguidades/referências/etc ad nauseam e acho o filme bem fantástico).


Meus dedos-do-pé já não são mais os mesmos; tenho vontade de dizer algo inteligente, algo contextualizante, algo que mal você bate o olho na tela do computador (não tenho a pretensão de imaginar esse texto impresso algum dia. Papel é coisa séria – apesar de que tem um certo site aí a fim de reunir todo o conteúdo digital já produzido pela raça humana, né? –. Então isso aqui pode ser sério) e fala: esse cara sabe o que tá dizendo e, realmente, os dedos do pé dele já não são mais sequer pálidas sombras do que já foram outrora. Penso um bocado e nada me vem à mente. Estamos, porém, no século XXI e nada me impede de uma rápida pesquisa no Google. Sou, então, introduzido à arte de determinar a personalidade de uma pessoa pelo formato de seu pé. Coisa chinesa/indiana. Milenar. Descubro ter o pé helênico e, tristemente, atesto ser esse o de descrição mais vaga: tenho muitos desejos e sentimentos mas meus “traços importantes” só serão eventualmente definidos se alguém parar para verificar com que frequência e maneira exponho tais fatores determinantes da minha psique. Não sou egípcio (perfeccionista), nem asiático (pacato). A superficialidade das distinções e completa genericidade descritiva me afastam desse ramo da reflexologia podal. Caio, ato contínuo, nas exposições enciclopédicas de tarso, metatarso e falange. Cuboide me lembra do desenho Pokémon e a parte chamada cuneiforme medial me dá a estranha sensação de que os anatomistas querem me forçar a acreditar que a escrita cuneiforme surgiu na Idade Média. Não sou bom em Biomédicas. Nem em Humanas. Mais uma vez me convenço de que deveria ter trilhado o caminho das Exatas.


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"É verdade que você escreve em primeiro lugar para si mesmo, para o leitor que tem dentro de si, ou então porque não pode evitar, porque não consegue suportar a vida sem entretê-la com fantasias; mas, ao mesmo tempo, você precisa peremptoriamente ser lido". 

Rosa Montero. "A Louca da Casa".


E o VLM volta.

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