quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Por que eu quero uma Ferrari?


Eis uma pergunta extremamente cretina. Acredito que as possibilidades de respostas cabíveis nesse caso são quase infinitas, mas a maioria delas gira em torno do mesmo eixo: o prestígio social e o conceito que o indivíduo alcança ao dirigir o que eu acredito ser a prova mais incontestável da existência de um Deus, são incalculáveis. Ou você acha que as vadias do 50 cent rebolariam em cima do seu Fiat 147?
É raro encontrar hoje em dia pessoas que tenham objetivos ou desejem coisas que não estejam nem um pouco remotamente ligadas com o exemplo acima. O capitalismo abriu a brecha pra uma idiotização em série daquilo que chamamos de sociedade. Nos tornamos tão consumistas que desejamos pelo simples desejar; a velocidade dos veículos de informação e da mídia metralham o frágil cérebro de todos nós ditando o modelo de vida limpo-shopping-center-cash-in-the-motherfuckin-pocket todo santo dia. "Beleza, qual a novidade, seu comuna de merda? Vai citar Che Guevara daqui a pouco, vai vendo..." é o que você deve estar se perguntando. FAIL, n00b!
Vamos presumir que você acabou de ter uma epifania e se deu conta do ser influcienciável que é. Sentiu vontade de largar tudo pra viver uma vida hippie peace and love e vender colar de coquinho na praia? Resolveu se isolar numa montanha no Himalaia, cuidar de lhamas pro resto da vida e mudar o nome para... bom, sei lá, hermitão da montanha no. 2.387? NÃO? "Porra! Isso me torna um filho da puta?" ... Chill, man...
Ao ser confrontado recentemente em decorrência dos meus desejos ultracapitalistas (não tem mais hífen, né? sei lá, foda-se), me perguntei isso. Naquele momento não consegui elaborar uma resposta satisfatória, talvez até por estar um pouco intimidado, visto que estava em pleno debate com veteranos do curso de Serviço Social. Tenho que me acostumar com essa porra, aliás. Refleti um pouco sobre o assunto depois e cheguei à uma conclusão que me fez sentir um pouco menos culpado. Se é que me senti culpado.
Afinal de contas, o que molda a personalidade de um ser humano? Me parece estupidez argumentar que já nascemos totalmente formados. Se eu fosse um Sayajin (o que aliás, seria irado), dificilmente eu iria pensar da mesma maneira que penso. Destruir Kakarotto iria me parecer muito mais atraente do que aparecer na aula de BMW pra comer a gostosa do terceiro período. Nem precisa ir tão longe (põe longe nisso!): fosse eu um norte-coreano, digamos, seria muito mais difícil eu desejar ardentemente uma bateria Mapex pedal duplo, um Nintendo Wii e uma estátua tamanho real do Darth Vader. O que diferencia o filho da puta alienado movido à abadá e novela das oito que quer ter grana pra esfregar na cara das gostosas que ele quer comer de pessoas mais esclarecidas, que também querem ter dinheiro para esfregar na cara das gostosas que ele quer comer, é a consciência e a escolha.
Aceitar automaticamente o que lhe é entregue difere de avaliar todas as possibilidades e pôr na balança, selecionando o que é bom pra você e o que não é. O que te faz sentir bem, o que te agrada e faz sentir completo enquanto ser dotado de personalidade própria, é o que você deve abraçar.
"Mas calma lá! É impossível querer uma Ferrari que não seja pra mostrar pra galera do meu grupo de RP... erm, do meu Jiu-Jitsu! Não passa de uma convenção social, apesar do que você disse." Sim, meu filho. Você é um monstro por querer status social? É pecado desejar uma máquina de 500 mil dólares, V-8, que acelera à 200 km/h com a força de 450 garanhões italianos? Muitos vão argumentar que um indivíduo só quer isso e tudo mais porque foi influenciado e passou a "achar que quer". E as coisas que eles querem, foram orientações divinas enviadas por Jesus Cristo?
"HÁ! Eu sou hippie e vendo cordão de coquinho na praia! Toma essa, malandro!". Pois é... o conceito de hippie eu duvido muito ter sido você que criou. Da mesma maneira que o sujeito "porco capitalista" viu o Cauã Reymond usando a camisa X na novela e roubou o dinheiro do remédio de osteoporose da vó pra comprar, você viu um dia um ser malcheiroso com piolho no cabelo amarrado numa árvore como protesto, e resolveu ser daquele jeito.
"Porra nenhuma! Continuo sendo completamente não-influenciável e foda pra cacete! Die, n00b!!!"
Nesse caso, parabéns. Você acaba de ganhar o selo Zen Master de fodice extrema. Imprima e cole na sua nádega esquerda:


Eu continuo querendo minha Ferrari, minha propriedade em frente à praia e meu Darth Vader. Escolhi ser assim, quero isso porque acredito que assim serei feliz. Se não for, paciência, mas é o que eu quero alcançar. Então tira essa camisa do Che Guevara ou se muda pra Cuba. Se não der certo, eu passo na sua banquinha qualquer dia e compro 500 mil dólares em pulserinha. Garanto que tu vai ficar feliz pra caralho.

6 comentários:

  1. Carvalho mano isso foi muito fioda!
    Escreva uma música nesta mesma linha q, talvez, conseguiremos ganhar o Grammy, nem q seja o Latino!

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  2. Muito fioda!
    Detalhe especial para as vadias do 50 Cents.

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  3. hahaha, muito bom seu texto. vou seguir seu blog :)

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