Gelo.
Água sólida para se mastigar.
Formas cristalizadas lutando contra os dentes – e perdendo.
Abaixo de zero. Zero absoluto. Vazio absoluto.
Abaixo de zero. Zero absoluto. Vazio absoluto.
Como lidar com um vazio no peito que quase explode o coração?
Big bang.
Do nada, o tudo.
Do vazio, um universo. No peito.
Universo estranho. Indócil. Indomável. Irascível.
O vazio foi a ponta do iceberg.
Muito gelo. Muito frio.
Corpo e mente rebelam-se contra a tirania.
Somos a soma de corpo e mente?
Sou mais que carne, osso e ilogismos?
Quem sou?
Matéria?
Energia?
Sou a gélida saudade no peito em meio a luta contra o calor de um coração sem ritmo.
Saudade do que não aconteceu.
Doente da cabeça, mas quem sofre é o coração.
Sofrer.
Fazer sofrer.
Esquecer?
Viver.
Temperatura amena.
Água em seu estado líquido.
Beber da fonte.
Beber.
Saciar-se.
Universo entre orelhas.
Grão de areia entre estrelas.
Ínfimo...
Fica assim, sem ponto final